No tempo em que Zé Barbosa era mestre, escrevi o meu primeiro dobrado e levei pra ele examinar. Gostou muito e botou o nome de 1º de Maio. No Dia do Trabalhador, a banda foi tocar na rua e executou pela primeira vez o dobrado. Aí fui me ajeitando, continuei compondo e tomei gosto pela música.
Com a saída de Zé Barbosa e posteriormente do mestre Zé Araújo, de Recite assumi a regência da Banda, que mais tarde oficializei com o nome de Filarmônica Cônego Benigno Lira. Chegamos a um ponto que ninguém nunca esperou. Recebíamos convites para toca- tas em Taquaritinga, Limoeiro, São Severino dos Ramos, Umbuzeiro e muitas outras cidades. Sempre com muito sucesso.
Participávamos de concursos de Bandas do interior obtendo excelentes colocações. Há dois anos, em 1982, participei de um encontro de Regentes patrocinado pela Funarte. Estavam presentes trinta e oito mestres de Bandas, entre eles, sargentos e oficiais do exército e da polícia. Mas fui o escolhido para reger, a solenidade de encerramento. Fui muito aplaudido. Pena que não tivesse ninguém de Surubim para testemunhar.
Durante o longo tempo que fui músico, professor e mestre da Filarmônica Cônego Benigno Lira, compus muitos dobrados, valsas, peças de harmonia frevos e sambas. Naquele tempo, eu não tinha tanto zelo, e quase todas as partituras se perderam.
Dediquei grande parte da minha vida à música e sou muito contente por ter contribuído para a cultura de Surubim", conta Evaristo Amorim.
"Evaristo foi mestre da Banda Cônego Benigno Lira por muito tempo. Muito competente, sabia teoria musical e compôs muitas peças. Uma, vida inteira dedicada a música e praticamente sem ganhar nada, somente por idealismo.
Ele passou uns tempos em Montes Claros, Minas Gerais, integrando-se à Banda Operária como músico e depois a convite do professor universitário de música, Alhos Braga, assumiu também a regência", conta Valdomiro Amorim.
"Quando conheci Evaristo, ele já era músico. Começamos a namorar nos ensaios que a Banda realizava aqui no Alto de São Sebastião. Passamos dois anos entre namoro e noivado, em 1937, casamos.
Evaristo tocava vários instrumentos: trompa, trombone, soprano, saxofone alto e sax-tenor. A Banda era uma grande alegria na sua vida. A última peça que escreveu foi uma partitura para canto coral, numa missa dedicada a São Sebastião que contou com a participação do bispo D.Manoel. Elogiaram muito. E para ele foi muito importante.
Tocou pela última vez na festa para comemorar os seus cinquenta anos de música realizada no dia 20 de julho de 1983. A iniciativa foi dele. Nesse tempo Pedro França era o Presidente e foram enviados convites para os sócios da Filarmônica Cônego Benigno Lira, do Independência Futebol Clube e amigos. Como parte das festividades, mandamos rezar uma missa e à noite houve uma sessão solene no Clube Independência. A festa foi bonita, teve muita gente, mas sentimos que faltou aquele entusiasmo, o reconhecimento que Evaristo merecia e merece. E se ele não tivesse se lembrado, a Banda e a família ajudado, não teria havido festa, recorda Cecília Amorim.
Sob a batuta do mestre Evaristo Amorim, a Banda Cônego Benigno Lira voltou a brilhar e ganhou fama. Até hoje, quem viu a Filarmônica passar, quem acompanhou a sua carreira de músico, professor e mestre, jamais esquecerá esta figura maravilhosa que multo fez pela música em Surubim.
Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.
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