sábado, 14 de março de 2020

ZEZINHO O PIONEIRO


     Falar de Zezinho, é falar de  apinha, dos andores e altares de São José e São Sebastião.decorados com lindos arranjos de fio es. É recordar Surubim todo enfeitado nos dias de resta. É recordar os cânticos religiosos e a anti serafina tocada com amor. É lembrar das aulas de catecismo ministradas com mui a fé pelo devoto professor.

     Pensar em Zezinho, é pensar em futebol, bola, campo e gurizada. É reverenciar um dos bons goleiros de Surubim, um juiz correto e um treinador competente e lutador. É recordara Escola de Zezinho", onde nasceram grandes craques do nosso futebol de campo.
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     "Eu nasci em Mata Virgem no dia 18 de novembro de 1924, registrado e batizado com o nome de José Leonardo Barbosa.Com a idade de um ano vim morar em Surubim. Sou de uma família humilde e comecei a jogar futebol quando criança. Onde tivesse uma rua, u terreno desocupado, agente botava quatro pedras e fazia uma pelada.Naquele tempo a bola era de me.ia, ou então fazia­ se a com batata do gravatá. Quando safa o pendão do gravatá, a gente tirava a batata arredondava e colocava de molho por uns três dias que era pra ela Inchar. Depois tirava da água e botava em cima da telha pra secar. Quando estava no ponto a gente cobria com uma meia.Ficava sensacional.

     Na época, os companheiros de peladas eram Augusto de Pedro Casaquinhá, Odon e Anésio, ReginaIdo Barbosa, Manoel de Cazuza Cristóvão, Zé Lúcio, Benigno de seu Inácio Ferreira e outros.

     Iniciei minha carreira esportiva em cajaseiras, na Paraíba, jogando no Oratório Festivo Dom Bosco como ponta direita e terminei como goleiro. De volta à Surubim trouxe uma bola usada, presente dos padres. Ajuntava a meninada e batíamos as nossas peladas na Estrada Nova, atual Rua Urbano Vieira. Formamos um timezinho, uma espécie de juvenil surgindo logo depois O Cruzeiro. Em 1946, fizemos um  torneio, convidamos os times de Chã do Marinheiro, Gancho do Galo e do Alto de São Sebastião. Nesse tempo já existiam o Sport Club de Surubim e o Independência Futebol Clube,  mas eram times de elite da cidade. Para nós, não faltavam as peladas pelos matos e sempre andando a pé.

    Um dia, substitui Zé de Lu como goleiro e depois do jogo, fui convidado para jogar no Independência. Começa aí o reconhecimento do meu trabalho. Mesmo assim nunca de deixei de  bater as minhas peladas. Passei um bocado de anos no Independência, depois o futebol afracou então aceitei o convite para defender o Sport Club de  Surubim onde    permaneci até 1954.

     Ainda jogando no Sport, Monsenhor Luís Ferreira Lima me chamou para criar um time com os meninos da Cruzada Eucarística. Foi um período muito bom, com campeonatos e mais campeonatos. Mais tarde fundamos a Associação Surubinense de Atletismo. Recebíamos comitivas e íamos jogar em outras cidades, mostrando que Surubim tinha um bom futebol. O trabalho era muito mas valeu a pena, pois surgiram jogadores de categoria", conta Zezinho.

     O 'Time de Zezinho", como ficou conhecido, impunha respeito aos adversários pela garra e técnica dos seus jogadores que aplicavam direitinho os ensinamentos do mestre. E Zezinho organizou muitos times e treinou muitas crianças e adolescentes, num dos períodos mais importantes e criativos do nosso futebol de campo. 

    Mas Zezinho não parou e continuou lutando para conseguir um terreno onde pudesse continuar treinando as suas crianças da Rua do Açude ,atual Frei lbiapina e formar novos craques na esperança de reviver os seus tempos de glória e do bom futebol de campo de Surubim.

     ''Zezinho ensinou o bé-a-bá do futebol de campo à meninada. Foi ele quem formou as divisões de infantil e juvenil de Surubim. Qualquer menino que levasse jeito Jogava no Time de Zezinho, não importando se fosse pobre ou rico.

     Ele conseguia o terreno, treinava a meninada e a rapaziada. Arranjava terno de camisas, calções, chuteiras, bolas e meiões. Algumas pessoas ajudavam mas era ele quem saía pedindo,quem conseguia tudo. Muitas vezes botava do• próprio bolso, apesar de sempre ter sido uma pessoa de poucos recursos. Naquele tempo, era na raça e que eu saiba,nunca recebeu apoio oficial, contam Chico Barros e Flávio Guerra. 

E como diz Dodinha, ex-craque da Escolinha de Zezinho: Ele merece ter um Estádio de Futebol com o seu nome,e sem fazer favor a ninguém".



Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.

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