"Antes da Quadra Odília Farias foram realizados em Surubim, no ano de 1964, os dois primeiros campeonatos de futebol de salão no Colégio Pio XII; um interno e outro interiorano. Pela primeira vez Surubim recebeu jogadores e comitivas de futebol de salão de outras cidades: como as seleções de Limoeiro e de Caruaru, a Associação Atlética de Afogados e times como o JET e o Barroso do Recife entre outros.
Nesse tempo tínhamos uma seleção famosa, conhecida por "Os Quatro Canhotos": Sóstenes, Cici, Otomar e Som. E como goleiro, Zéze Lucena. Na época, eles formavam o maior time de futebol de salão de Surubim.
O entusiasmo foi tão grande que logo depois Odília Farias, a Didia, tomou a iniciativa e sem ajuda de ninguém construiu um espaço esportivo onde hoje é o Banco do Nordeste do Brasil, que recebeu o nome de Quadra Odília Farias.
Ali treinavam e jogavam quaisquer times e sem gastar nada, pois até a energia ela pagava. A Quadra era moderna. Toda iluminada, com vestuário, banheiros e tecnicamente preparada para jogos de futebol de salão, vôlei, basquete e handebol. No mais, faltavam as arquibancadas que Didia pretendia construir. Pra época era excelente, inclusive pela sua localização bem no centro da cidade.
Os craques e a rapaziada do Colégio Pio XII passaram a jogar na nova Quadra. E assim, surgiram novos times, como o Centro e o São Paulo. Depois criamos a Seleção Surubinense de Futebol de Salão, duas vezes Vice-Campeã da Copa do Interior de Pernambuco. Só perdemos porque não tínhamos um o técnico.
A filosofia era aprender. Então, a gente convidava os times que se destacavam nos jogos estudantis de Recife e de. outras. cidades. O intercâmbio era fantástico. A convite de outros times e seleções jogamos em Bonito, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Caruaru, Belo Jardim, Pesqueira, Nazaré da Mata, Vicência, Aliança, Macaparana, Limoeiro, Paudalho, Recife e outras cidades.
A recepção do povo de Surubim era uma beleza, espetacular. E todos faziam questão de pagar para ver os times e a seleção de Surubim jogar. Dia de sábado quando recebíamos jogadores de fora, a cidade se movimentava e a Quadra ficava cheia. Àqueles torcedores fanáticos por futebol de campo, aderiram ao nosso futebol de salão e era comum encontrar Biu Mimoso, Antônio do Sorvete, Miro, Tiago, Vanildo Rodrigues, Socorro Cabral, Tobias, Alcides Guerra, um grande incentivador dos esportes de Surubim, e muitas, muitas pessoas, torcendo e se empolgando com as jogadas de nossos atletas.
Recebíamos apoio de Gilberto Guerra, Lói Oliveira, Gilvando Guerra, Zé Gersino, Mário Henrique, Nilson Mota, Zezinho, Nelson de Zé Preto, Miro, Tiago, lvânio e outros amigos do esporte em Surubim. De Janjão, que na época era sapateiro, ganhávamos as bolas e as chuteiras feitas por ele. Porém, todo esse trabalho só se tornou possível porque existia a Quadra Odília Farias.
Didia, como é conhecida, foi uma baluarte nos esportes em nossa terra e uma figura humana excepcional. Ela arcava com todas as despesas e nunca pediu contas das arrecadações dos jogos. O dinheiro ficava com os times de Surubim para compra de materiais e o outras despesas. Inclusive, se a gente pedisse uma bola, qualquer coisa ela conseguia ou dava. Participava dos treinos, opinava e era quem mais torcia na Quadra. Quando ganhávamos ficava eufórica e abraçava todos os jogadores. Ela tem esse carinho, esse amor pelo esporte. Mas chegou um ponto que Odília sozinha e sem apoio para administrar a Quadra, teve que vender o terreno. Foi uma grande tristeza, mas reconhecemos que ela agiu acertadamente, pois ninguém pode se doar e trabalhar sem nenhum apoio", contam Pelé e Cici.
Em 1975, os atletas e o povo de Surubim se entristeceram. A Quadra Odília Farias palco de grandes jogos e confraternizações foi vendida e em seu lugar surgiu mais um banco.
Obrigada Odília Farias, a Didia, pelo seu pioneirismo, vontade e determinação em presentear Surubim com um espaço esportivo de categoria. Pena que o seu gesto não teve seguidores.
Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.
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