Antigamente, era muito comum os homens de posse e prestigio: fazendeiros, pecuaristas e comerciantes comprar ou ganhar patentes de Coronel, Major, Capitão e Tenente. Porém, raro o que recebia a honraria por serviços prestados de acordo com o título.
Segundo José Lúcio da Fonseca, o seu avô Lourenço Xavier da Fonseca foi tenente da Guarda Nacional por mérito, o mesmo acontecendo, mais tarde, com o seu pai Manoel Clementino Maciel da Fonseca, conhecido por Tenente Lourencinho.
Os nossos coronéis mais famosos foram Urbano Vieira Carneiro da Cunha, seu filho Dídimo Carneiro e Periandro Augusto de Miranda.
Na lembrança dos antigos ficaram os capitães Antonio Farias, Francisco Martins,José Natal e José Alvino. "O homem que combateu e ajudou aprender o cangaceiro Antonio Silvino.
Com patentes de Major: Presciliano da Mota Silveira e Turíbio Severino de Paula. Este, segundo dizem, possuía um orgulho tão grande pela sua patente que só respondia os cumprimentos se o saudassem como titulo de Major.
Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.
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Continua
Por Dr. Antônio Ferreira Cabral
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Por Dr. Antônio Ferreira Cabral
Do seu livro: Memórias da Terra do Boi Surubim.
A Guarda Nacional foi criada em 1831, no tempo da Regência.
Pertencia à Infantaria do Exército Nacional e tomou parte ativa em todas as guerras e guerrilhas até o ano de 1889, quando foi extinta a sua corporação efetiva, época em que se passou para o Corpo de Reserva, em conseqüência das modificações feitas no exército nacional , após a proclamação da República.
Entretanto, para efeito de renda, o Governo institui uma Corporação dos Oficiais da Guarda Nacional, pelo que todo e qualquer cidadão vaidoso e de recurso poderia ter-lhe acesso, comprando simplesmente uma patente de oficial, de maior ou menor graduação .
O Decreto vinha do Presidente da República, depois de a patente requerida e processada no Comando da Guarda.
Cá embaixo existiam os intermediários que se encarregavam de canalizar o pedido.
Surubim, ao que parece, pouco foi contemplado com titulares daquelas patentes. Sua gente simples, curvada no cabo da enxada, não deu de levantar as vistas à procura de estrelas, que não se viam no céu e de tão pouco fulgor.
Capitães e coronéis existiram, entre os nossos fazendeiros, todavia, puras cortesias de amigos, sem, contudo, se sagrarem como tais. Títulos de oficiais só se agregam aos nomes dos fulanos, quando recebem a argamassa da linguagem popular. Sem tal ingrediente não adianta. A patente cai ao primeiro sopro do vento, feito folha seca, e o nome volta ao da pia batismal.
Pelo que sabemos, só o Capitão Abel e o Major Prisciliano tiveram os títulos ligados familiarmente aos seus nomes.
Fora os peles, só o do ''Major Turíbio ficou grudado, petrificado, formando um só nome
- Major Turíbio.
Tanto que, ninguém o tratava pelo seu nome simples, desgrudado do Major quem assim ousasse não tinha resposta, nem cumprimento.
Ele tinha esse defeito - o de querer ser, mesmo que não fosse. Não viram a sua declaração feita aos rapazes do jornal "Região", de outubro de 1967?
-Major, na sua opinião, quem foi que mais trabalhou por Surubim?
- Digo não.
- Por que, Major ?
- Se eu disser, Você diz que é mentira.
- De modo algum, Major!
- Se não fui eu, não foi ninguém.
Mas, a verdade é que o "Major " casou bem com o "Turíbio", como se igualou com o que tinha e com o que ele era. Senhor de toda a Lagoa do Choro; dono de uma rua de
casa inteirinha (rua do Major); hospedeiro do Governador Agamenon Magalhães; sogro do Seu Nelson Barbosa , que, para o povo, foi mais que um Prefeito, um benfeitor, e depois, soube honrar o título que comprou, pois que era um homem sério, respeitador, direito e honrado.
O major brigou pelo Major e quis ser o maior, mas nem precisava exigir isso do povo, que o povo, no fundo, lhe dava até mais o reconhecimento de ser um homem pacato e um
político resignado. O povo sabia que ele poderia ter feito em Surubim como muitos fizeram em outros lugares - matar e usurpar.
Um outro Major, rico e ligado ao Governador, numa terra de poucos abastados, dono da subdelegacia, cujo xerife João Coco era todo seu, teria usurpado a "chave da cidade".
Isso ele não fez, como não faria nunca .
Preferiu ficar no seu casulo, que era a sua casa, bem como a sua fazenda, ruminando
aquilo que lhe pareceu ter feito de bom e de grande.
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