terça-feira, 3 de março de 2020

ANTÔNIA SEABRA

CONHECENDO SURUBIM: 1900 a 1930 

     "Eu nasci em 1910,mas já fazia tempo que mãe, Antônia Seabra, lavava e engomava , torrava café e tratava de fatos de boi pra fora. Ela nasceu no Engenho Mata Pirumba lá pros lados de Campina Grande,na Paraíba,e chegou mocinha em Surubim. Trabalhou como empregada doméstica nas casas de Zé Rodrigues e de João Batista, pai de Hibernon.

     Sou filha do seu primeiro casamento com Manoel Ferreira, um dos filhos adotivos de Sá Totonha. Ele foi trabalhar em São José dos Cordeiros, onde foi assassinado. Aí, tempos depois, mãe casou com Zé Seabra. Aí o povo pegou a chamar mãe de Antônia Seabra. Desse casamento nasceram Maria e João. Ele foi músico da Banda Cônego Benigno Lira", conta Águeda Seabra.

     Antônia Seabra foi a mais antiga lavadeira e engomadeira que se tem notícias em Surubim. Uma mulher lutadora que, com suas filhas Águeda e Maria, trabalhou duro para viver. Muito devota, ia religiosamente à igreja rezar o terço e participar das missas. Cantava que nem uma patativa e não existiam benditos e ladainhas que escapassem daquela voz afinada e melodiosa.

     Antônia Seabra dos ferros de engomar à brasas, da lata d'água carregada de longe, do sono por esperar até que a última peça de roupa estivesse pronta e dobrada.
E pelas ruas de Surubim passava aquela figura majestosa, com sua saia comprida e blusa decorosa, equilibrando uma trouxa de roupas, carregada de sonhos.


Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.

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