sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

COMADRE FULOZINHA

CONHECENDO SURUBIM: 1900 a 1930   

     -  Conte aquela história de Comadre Fulozinha!
     -  Cale a boca menina, não se brinca com coisa séria.

     E Severina Joana, de Capoeira do Milho,cantora de novenas e incelenças, se benze e chama pela Virgem Maria, "mode espantar os maus espíritos".
Contam os camponeses mais antigos, que Comadre Fulozinha é uma mulher pequenina,de cabelos loiros quase arrastando pelo chão,que gosta de fumo, dá pisa em cachorro, faz tranças nas crinas dos cavalos e assobia pelo meio do mato fazendo "homem macho correr  e tremer de medo".

     "A lenda de Comadre Fulô é muito antiga, vem desde o tempo do cativeiro. Lá no mato ela marca as caças. Se foi lambu, corta a unha, se for preá corta a pontinha da orelha. Tem dia que o caçador vai pro mato e caça, mas tem dia que vê a caça e não mata não. É só no dia que ela quer".

      "Desde pequena que escuto falar de Comadre Fulozinha. Uma noite, lá no mato, eu tava lavando os pratos na cozinha e escutei um assobio bem fino. O pifó ( o candeeiro  ) se apagou e eu dei uma carreira medonha".

     "Comadre Fulozinha faz parte da vida da gente. E todo meninote tinha medo. De madru-gada ela aparecia no curral e trançava as crinas dos cavalos, e pra desmanchar, o que era raro, dava um trabalho danado.A gente sabia que era ela por causa do assobio".

     "Eu nunca vi. Mas conheci uma pessoa que disse ter se encontrado com ela fazendo roda no terreiro".

     "Caipora, é a mesma Comadre Fulozinha. Mas quando o sujeito chama ela de caipora leva uma surra de urtiga de lascar".

     "Ela não gosta de religião, é pagã, e tem um medo danado de batismo. E se o cabra diz: Comadre Fulô eu vou lhe batizar, ela zarpa e não aparece mais".

     "Tem casa que Comadre Fulozinha faz marcação. Se a pessoa gosta de cigarro, ela chega escondido e fuma. Se for cachimbo, deixa seco".

     "Comadre Fulozinha não gosta de cachorro. Lá no mato a gente passava alho nos bichos pra ela não dá pisa. De noite, quando eles começavam a latir, a gente sabia que era armada de Comadre Fulozinha".

Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.

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