segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A PRIMElRA BANDA DA VILA DE SÃO JOSÉ DO SURUBIM: SÉCULO XIX.

CONHECENDO SURUBIM: 1900 a 1930
                         
Severino Fonseca, pai de Capiba com a esposa e filhos /1918.

     "A primeira Banda de Surubim era bem pequenininha e foi fundada no final do século XIX, no tempo da capelinha. O mestre era Zu Cabral e faziam parte da Banda os músicos Severino Fonseca, pai de Capiba, Quincas Lucas J Antonio Mateus, Manoel Jerônimo, Chico Teteu, Domóstenes e outros.

     Eu lembro muito bem dessa bandinha e pra comprovar a sua existência vou contar um fato: Quando Antonio Mateus morreu, colocaram o piston no caixão e enterraram com ele. Esse povo antigo sabe dessa história", conta Zé Mimoso.

ZU CABRAL, O NOSSO PRIMEIRO MESTRE DE BANDA

      José Bezerra Cabral, o Zu Cabral, e sua mulher Josefa Aguiar Cabral foram pais de cinco filhos, entre eles, José Gersino Cabral, conhecido por Zé Cabral, o nosso primeiro Sub-Prefeito.
     Músico afamado, Zu Cabral foi o nosso primeiro mestre de banda e professor de letras (alfabetização).
     Vila de Soo José do Surubim. Tempo da capelinha de São José, do velho • mercado, do Coronel Urbano, das gameleiras e baraúnas.Tempos que deixou na lembrança a figura querida e respeitada do mestre Zu Cabral.

BANDAS: 8 DE MARÇO E A CÔNEGO BENIGNO LIRA
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     Em 1914, na Vila de São José do Surubim, é formada a Banda 8 de Março.
E para regê-la foram convidados os mestres Janjão de Dida, de Bom Jardim, Lalau, de Taquaritinga e o famoso Levino Ferreira, de Bom Jardim, também conhecido por mestre Vivo. Pouco tempo depois a Banda recebeu o nome de Cônego Benigno Lira, em homenagem a um vigário muito querido que passou por aqui.

     Com a vinda do Padre Antonio de Lima Cavalcanti, o padre Lima,em 1917, e a contratação de Zé Souto de Umbuzeiro, como professor e mestre, a Banda que estava de "fogo,morto", se reorganiza.
Pela fama dos seus mestres e músicos a Banda Cônego Benigno Lira recebia convites partocatas nos distritos e cidades como Carpina, Paudalho, Bom Jardim, São Severino dos Ramos e Umbuzeiro,"fazendo um sucesso de arromba" .
     "Engraçado foi o fato de muitos músicos terem viajado a até Limoeiro para apanhar o trem para Paudalho.Naquele tempo,quem não tivesse cavalo tinha que caminhar doze léguas,equivalentes a setenta e dois quilômetros, para chegar a Limoeiro", recorda Nelson Barbosa.*08
A PRIMEIRA SEDE DA BANDA 8 DE MARÇO
     "No começo, quando a Banda era bem pequenininha e os músicos aprendizes, a sede ficava na Rua Estácio Coimbra nº 101, antiga residência de José Gersino Cabral,o Zé Cabral,o nosso primeiro Sub-Prefeito .Uma casinha bem antiga de bica pra rua.
    A gente ensaiava duas vezes por semana e cada um levava o seu instrumento.A apresentação da Banda era uma novidade, um entretimento na então Vila de São José do Surubim. O povo apoiava, o comércio ajudava e quando a gente saía às ruas o pessoal fazia aquela festa e era aquela animação. Aí a Banda foi crescendo,foi desenvolvendo , pois tínhamos amor pela música e chegamos a ser músicos de categoria", contam Zé de Mila e Sebastião Barbosa.

OS PRIMEIROS MÚSICOS DAS BANDAS 8 DE MARÇO E DA CÔNEGO BENIGNO LIRA
     VIVA os primeiros músicos das Bandas 8 de Março e da Cônego Benigno Lira, que com seus acordes encantaram e alegraram a Vila de São José do Surubim:
VIVA Ageu, clarinete; Cícero Grande, trombone; Chico Gago, hélica; Dídimo Guerra, saxofone; Domingos Feliciano de Barros, clarinete; Emídio Gomes de Castro, requinta; Félix, piston; João Aureliano, trombone; Orestes, tarol; Pedro Bezerra, bombo; Sebastião Barbosa, barítono; Zé de Luzia, trombone; Zé de Mila, trompa; Zé Sobral, prato e Zé de Tiné Barbosa,trompa.

ZÉ BARBOSA, O NOSSO MESTRE DE BANDA

     José Barbosa da Silva, conhecido por Zé Barbosa, nasceu no Brás, pertinho de Surubim, no dia 5 de janeiro de 1900, e quando menino vinha com o irmão Leovigildo aprender música com os mestres Lalau,Levino Ferreira e Zé Souto de Umbuzeiro, na Vila de São José do Surubim.

     Em 1914, Zé Barbosa inicia a sua carreira de músico na Banda 8 de Março.O garoto foi aprendendo, foi crescendo,tornando-se professor,compositor e mestre. Sob a sua batuta,a Banda já denominada Cônego Benigno Lira voltou a crescer, ganhou fama, marcando um período de muita musicalidade , onde não faltavam convites para apresentações em cidades e vilas da região.E lá fora mantinha-se a tradição de que Surubim "é terra de músicos".

     "Papai nasceu no Brás,mas em 1930,veio morar em Surubim. Segundo os músicos da época,ele era uma pessoa inteligente e muito esforçada. O que mais queria era conservar a Banda Cônego Benigno Lira. Muitas vezes, quan­do não tinha lugar adequado, os ensaios se realizavam lá em casa. Ele tocava vários instrumentos , mas o de sua preferência era o piston. O amor que sentia pela música era tão grande que quatro dos seus filhos tornaram-se músicos: Diomedes, Edson, Euriques e Antonio. Papai incentivava e ensinava.

     Agora, meu pai, Zé Barbosa, nunca viveu dê música. O sustento para família, ele tirava do roçado. Durante quase toda a sua vida ele trabalhou na agricultura . Plantava algodão, milho e feijão, e quando lucrava, vendia. Na Banda, ele e os músicos recebiam coisa pouca para tocar nas festas das cidades, pelo mato e nos carnavais ,onde formavam uma pequena orquestra.

     Antigamente , os músicos eram comerciantes ou agricultores. Meu pai, seu irmão Leovigildo, Severino Bernardino e o pessoal de Lagoa da Vaca e do Jucá vinham do mato para ensaiar e tocar em Surubim, depois de passar o dia na lavoura. Só por amor a música", conta João Barbosa Neto.

    "No meu tempo de músico,o mestre da Banda Cônego Benigno Lira era Zé Barbosa. Lembro de uma apresentação que fizemos em Taquaritinga , em homenagem a Agamenon Magalhães. Nesse tempo a Bandatava afiada,e foi uma, tocata brilhan.te", conta Tiago Albuquerque .

     "Zé Barbosa foi um grande músico e professor e como compositor tinha peças de harmonia da gente  arrancar os cabelos", conta Pedro França.
    "Zé Barbosa era um grande conhecedor de música e tocava todos os instrumentos. A sua execução em piston era formidável. Certa vez, numa comemoração do dia 7 de setembro, ele tocou de uma só vez três instrumentos: bombo, prato e piston. Eu nunca vou esquecer esse momento", conta Biu Domingo.

     Na quele tempo, nos dias de domingo,a Banda Cônego Benigno Lira saía em passeios pelas ruas de Surubim,acompanhava a missa das dez e realizava as famosas retretas no pátio da antiga Matriz de São José ou na antiga Praça Agamenon Magalhães.

     Por tradição, nos enterros dos figurões da cidade ou de um dos seus músicos, a Banda acompanhava o ritual com suas músicas tristes e comove­doras. Porém,a alegria se mostrava quando as alvoradas acordavam a cidade. E quem não levantasse pra ver a Banda passar, embalava a preguiça e se encolhia pra sonhar.
Para Surubim, Zé Barbosa compôs a sua mais bela melodia: o amor de um homem à sua arte, à sua gente. E VIVA ZÉ BARBOSA.

BANDA CÔNEGO BENIGNO LIRA: ZÉ BARBOSA E OS MÚSICOS DA ÉPOCA

     VIVA os músicos da Banda Cônego Benigno Lira que, sob a batuta do mestre Zé Barbosa, emocionaram e alegraram o povo de Surubim.
    VIVA Antonio Clemente, trombone; Aprígio Clementino da Silva, bombo; Augusto , hélico; Biu de Chocha, bombardino; Biu Domingo, clarinete; Biu de Zezé, tarol; Chico Gago, tuba; Diomedes Barbosa, trompa e piston; Dionísio Marques, clarinete; Evaristo Amorim, soprano e saxofone; Henrique Pereira, clarinete;João Seabra, clarinete; José Gersino Cabral, trompa; José Joaquim, clarinete; Maximiliano Guedes, barítono; Manoel Miguel, prato; Miro, piston; Otaviano França, piston; Pedro França, requinta; Cetinho, clarinete; Severino Bernardino, trombone; Severino França, trompa e hélico; Severino de Zezé, tarol; Zé Barbosa, MESTRE, piston e bombardino; Severino Blandino, arquivista e outros .


Veja mais no link abaixo: LEVINO FERREIRA E A BANDA 8 DE MARÇO

https://minharuatemmemoria.blogspot.com/2020/02/levino-ferreira-o-mestre-vivo.html

Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.






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