O primeiro Cinema Mudo da Vila de São José do Surubim foi fundado em 1925, por Antônio Justino. O primeiro operador foi Alfredo Maurício da Cunha, conhecido por Alfredo Motorista. Posteriormente, Antônio Justino vendeu o Cinema Mudo aos irmãos Urcezino e Dinó Arruda.
O Cinema Mudo ficava na atual Rua 15 de Novembro nº 44,
antigamente uma casinha simples e comprida, com duas portas e um salão mais ou
menos.
O Cinema Mudo de Surubim, foi instalado por Antônio Justino nessa rua em 1925, porém, essa foto é um registro de 1948, ou seja, 23 após a instalação do cinema. (Só para você ter uma ideia da atual localização é em frente à loja Emanuelle.)
O Cinema Mudo de Surubim, foi instalado por Antônio Justino nessa rua em 1925, porém, essa foto é um registro de 1948, ou seja, 23 após a instalação do cinema. (Só para você ter uma ideia da atual localização é em frente à loja Emanuelle.)
"As fitas de maior sucesso eram as de Cowboy e os
Seriados como a Deusa de Joba, Besouro Verde e outros exibidos nas
quartas-feiras e sábados. Aos domingos passava os dramas, que a gente não
entendia muito. Naquele tempo, os artistas mais famosos eram Tom Mix, de físico
reduzido , mas valente como um cão e Roy Rogers com o seu cavalo branco. A
entrada mais barata era de segunda, atrás da tela, e quem sentasse ali, olhava
as imagens e lia as legendas ao contrário. Aqui vivia um camarada, o Elias Boca
de Japão, que tinha uma prática muito grande em ler às avessas. Aí todo o mundo
queria sentar perto dele.
Empresário Hibernon Batista
Pra época o Cinema Mudo era bom demais, um acontecimento.
As pessoas se empolgavam com os Seriados, defendendo o mocinho, e os meninos
ficavam doidos com a sua valentia. Gritavam e batiam palmas torcendo" , conta
Hibernon Batista.
UMA
AMIZADE QUE DUROU A VIDA INTEIRA
Os irmãos Dinamérico Severino e Urcezino Severino de
Arruda, eram filhos de José Severino de Arruda e Olindina Teôtônia de Arruda. Nasceram
em Surubim, no início da década de noventa do século XIX.
Dinamérico, conhecido por Dinó, era o mais velho.
Casou-se com Maria Cândida de Farias e foram pais de 15 filhos. Urcezino,
conhecido por Cezino, casou-se com Isabel de Farias Arruda, a Bela, em 25 de
novembro de 1915, e foram pais de nove filhos.
Professora Célia Arruda, filha do Sr. Dinarnérico ( Dinó ).
"Meu pai, Urcezino, foi trabalhar com tio Demóstenes
em Riacho Grande na Paraíba. Depois foi para Santo Antônio negociar com
algodão e terminou em Capina Grande, onde comprou um descaroçador de algodão,
regressando a Surubim em 1927", conta Célia Arruda.
"Meu pai, Dinó, nunca saiu de Surubim. Aqui
trabalhou e viveu toda a sua vida", conta
Nenen de Badian.
"Em 1927, ou 1928, os dois irmãos, grandes amigos e
sócios nos negócios, compraram o Cinema Mudo a Antônio Justino e contrataram
Seu Elias como mecânico.
Urcezino e Dinó foram donos de padaria e segundo a
família, "só se separaram nos negócios quando foram trabalhar na
agricultura. Aí cada um botou o seu roçado", recordam Leninha e Neuza Arruda
de Queiroz.
Em 13 de março de 1935, Urcezino é nomeado contador e
partidor do Município do Surubim, cargo que ocupou até a sua aposentadoria.
Foto da antiga prefeitura do Surubim em 1941, hoje é a Câmara Municipal de Vereadores.
Minha Rua Tem Memória - Resgate fotográfico: Dr. Antônio Hermes.
Foto da antiga prefeitura do Surubim em 1941, hoje é a Câmara Municipal de Vereadores.
Minha Rua Tem Memória - Resgate fotográfico: Dr. Antônio Hermes.
A Amizade dos dois
irmãos chamava a atenção pois nunca houve qualquer desenten-dimento que abalasse
o carinho, a solidariedade e o respeito que existiam entre eles.
Homens simples, alegres e brincalhões, Dinarnérico e Urcezino acreditaram no progresso da pequenina Surubim e
investiram suas economias ,seus esforços e seus sonhos em atividades que
marcaram profundamente o desenvolvimento de
nossa terra.
O
CINEMA MUDO: O ZONOFONE E A SUA PEQUENA ORQUESTRA
"Lá no Cinema Mudo, sentávamos nuns bancos de madeira, duros
e sem encosto, os "pela-porcos". Ficávamos bem em frente à tela e
quando os artistas atiravam, cobríamos os olhos e gritávamos de medo. Aí seu
Cezino dizia: Calem essas bocas meninas, vocês não estão vendo que é de
mentira? Aí a gente caía no choro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7j946JExQB-VFb6CeU0xJ9QI96fRTv3NjQ0a_fLouOGFIlRfUewT4T5gSW4ClJxS6Bk9mpPYFATr3jrH7Izn4fkzwGx3vN8p6z_-jcpxGjLGG2JbDGbU6nnE8jaeIV_SEMffR2jfSzA/s400/Ala%25C3%25ADde+Fran%25C3%25A7a+fotografada+em+Campinas+SP..jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7j946JExQB-VFb6CeU0xJ9QI96fRTv3NjQ0a_fLouOGFIlRfUewT4T5gSW4ClJxS6Bk9mpPYFATr3jrH7Izn4fkzwGx3vN8p6z_-jcpxGjLGG2JbDGbU6nnE8jaeIV_SEMffR2jfSzA/s400/Ala%25C3%25ADde+Fran%25C3%25A7a+fotografada+em+Campinas+SP..jpg)
Alaíde França
No início, como o filme era mudo, usavam um zonofone, a
radiola de antigamente. E pra tudo que
aparecesse na tela, a música era quase sempre a mesma", conta
Alaide França do Alto de São Sebastião.
Depois o Cinema Mudo ganhou uma nova atração: os músicos.
"Eu toquei no Cinema, no tempo de Cezino e Dinó Arruda. A gente acompanhava
a fita tocando de improviso e olhando para a tela. Não tinha esse negócio de
ensaiar não. Era ali
direto e quando começava o Aranha Negra,
a gente danava os instrumentos pra cima. Era o filme todinho assim, e só parava
nos intervalos, quando a luz acendia. Era um negócio que empolgava. O povo vendo
o filme e ouvindo a música ali, ao
vivo", conta Evaristo Amorim.
Mestre Evaristo Amorim
E VIVA OS MÚSICOS: Chico Gago, Dídimo Guerra, Evaristo
Amorim, Severino Ginu, Severino França, Zé de Mila e outros.
MIRANDA
E O CINEMA MUDO
Com o tempo, Cezino e Dinó Arruda alugaram o Cinema Mudo a Miranda, de
Limoeiro.
"Aos sábados,
devido ao grande movimento da feira, as atividades comerciais da Vila eram
maiores. Então, às vezes, por causa de um freguês, fechava-se a loja mais
tarde.
Nessa época, o Cinema Mudo tinha uma campainha elétrica avisando aos retardatários que a
sessão ia começar . Num desses sábados , passou um habitué na porta do Cinema e
seu Miranda perguntou:
- Você não vai assistir o filme?
- Não posso. Fechei a loja agora e ainda vou pra casa tomar banho,
trocar de roupa e tomar café.
Então Miranda
falou: Vá que eu espero", conta Hibernon Batista.
ALFREDO
MOTORISTA: O CINEMA MUDO E A PRIMEIRA "SOPA" DE SURUBIM
Alfredo Maurício da Cunha, conhecido por Alfredo
Motorista, chegou em Surubim com sua mulher Francisca Maria do Nascimento, a
Chiquinha, no ano de 1925, contratado por Antônio Justino como o primeiro
operador do Cinema Mudo. Na penumbra do pequeno salão, Alfredo projetava as
imagens que encantavam o povo, revolucionando o marasmo da pequena Vila.
Mas Alfredo, motorista de profissão, logo deixou o Cinema
Mudo e voltou a trabalhar como motorista particular. Apostando na sua
capacidade de mecânico e na sua criatividade, em parceria com Amaro Clemente,
de Carpina, criaram a primeira' "sopa" de Surubim, tendo como
ajudante e primeiro Motorista, Zé da Sopa.
É bem verdade que a '"sopinha" durou pouco; mas
Alfredo continuou trabalhando. Nas oficinas que montou, foi mecânico e
professor competente, deixando para outras gerações os ensinamentos de sua
arte.
Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.
Nenhum comentário:
Postar um comentário