No início dos anos quarenta,
Antônio Vieira de Barros, seu Barros, Severino Farias e José Galdino,
presentearam Surubim com um cinema falado, o Cine Teatro Capitólio. Pouco tempo
depois, Luís Fonseca comprou o cinema, que carinhosamente passou a se chamar, o
Cinema de Seu Luís, em homenagem a essa figura que tanto lutou pela cultura em
Surubim.
E o cinema de seu Luís
marcou época, tornando-se um grande acontecimento, revolucionando a cidade,
mudando hábitos e comportamentos.
Luís Gonçalves Fonseca e sua esposa Ceci ao lado da caminhonete que usada para projetar filmes nas cidades circuvizinhas.
Quem não se lembra de dona
Ceci recebendo a todos com seu sorriso amigo?
Quem não se recorda da
sirene avisando que a projeção ia começar? E como esquecer os famosos seriados,
os filmes de Tarzan, os faroestes norte-americanos com seus mocinhos valentes,
românticos e solitários e os "dramas" e levavam as
pessoas ao choro emocionado? ![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4v9z_opGEWEbiBwvIuOYx7F76qUpr3KMJK9EIAXIhROiPDfWBsredQ8zo0fKFujQBSebaoOgGGGT5RlkZRBuH4soJDrqn7Ry37G389M9jrXjFR0OJ1PyUSuXePgYWAGiCx8jeEhXpodw/s400/ANTIGO+CINEMA+2.jpg)
E quem esquecerá as
maravilhosas chanchadas da Atlântica, onde Oscarito e Grande Otelo levavam a
platéia ao delírio?
O cinema falado de seu Luís
Fonseca foi o ponto de encontro da cidade, divertimento que encantava a todos
na magia da sétima arte.
"Rebeca foi o filme que
inaugurou o Cine Teatro Capitólio, na época de propriedade de seu Barros,
Severino Farias e Zé Galdino. Panfo, de Limoeiro era o operador. Eu o substitui
quando o cinema já pertencia a seu Luís Fonseca, no ano de 1945.
Seu Luís era uma pessoa boa
e delicada. Um sujeito ótimo e tudo se conseguia com ele. Supervisionando o
cinema, trabalhava na bilheteria enquanto Ceci, sua mulher, atendia na
portaria. Depois de seis anos trabalhando como operador eu saí, então ele contratou
Edivaldo Petronilo Dutra e posteriormente "major" um relojoeiro muito
conhecido. Dos tempos do cinema, ficou uma grande amizade e a pedido de seu
Luís eu e minha família assistíamos aos filmes de graça.
O Cine Teatro Capitólio
recebia muitas troupes de fora. A gente retirava a tela e o espaço servia de
palco para apresentações de peças teatrais, mágicas, músicos e dançarinos.
Luís Fonseca com o seu
cinema contribuiu muito para a cultura de Surubim" , conta Aniceto Alencar
( Cetinho ).
Aniceto Ferreira de Alencar ( Cetinho), era eletricista de auto, músico e projecionista do Cine Teatro Captólio.
"Comecei a trabalhar
com Luís Fonseca em 1950. Era o motorista da fábrica e operador do cinema
ambulante. Dedé de seu Alonso começou me ajudando na bilheteria e depois foi
trabalhar no cinema da cidade. A gente viajava muito. Fazia Casinhas ,Vertentes do Lério e só na
linha de Bom Jardim, parava "' em
Natuba, Chã do Rocha, Matinada e ia até Lagoa Comprida. A projeção era feita em
salão, garagem e no mercado. Ficava tudo cheio e o apurado era muito bom.
Gostava muito de trabalhar com seu Luís, uma pessoa muito boa, um bom patrão,
pagava bem", conta Piaba.
"Seu Luís era bom
demais. Ele e dona Ceci foram como pais para mim". conta Juca, ex-operador
do Cine Teatro Capitólio .
Joaquim José da Siva ( Juca do Cinema )
O cinema de seu Luís era uma
das maiores diversões de Surubim, e trouxe muita alegria para o povo. Alí se
realizavam bailes de carnaval e eventos importantes, como a campanha para
trazer água encanada para Surubim com a presença de D. Hélder Câmara e o
lançamento de candidaturas políticas onde todos compareciam e participavam.
lnesquecíveis eram as
belíssimas músicas que escutávamos antes de começar as sessões. Muitas vezes
ficávamos na calçada do cinema ouvindo pois naquele tempo, eram poucas as
pessoas que tinham radiola em Surubim
.
Uma pessoa muito importante
no cinema era Ceci, mulher de seu Luís.Uma figura bonita elegante que gostava
de usar um batom vermelho e sapatos de salto altos. Ela ajudou muito seu Luís,
trabalhando na bilheteria. Aliás ,eles recebiam muito bem e todos nós que
conhecemos seu Luís, sua família e cinema, sentimos saudades" , conta Santa
Guerra.
Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Marisa Surubim - Edição:1995